Salve a Copa
A República Velha, que foi a primeira república do
Brasil, é o período compreendido entre 1889 (Proclamação) até 1930 (Revolução),
onde havia o domínio absoluto dos grandes fazendeiros, ou seja, oligarquias
agrárias. A aliança com o exercito foi decisiva para essa nova fase do país
(Republica das Espadas 1889 a 1894). Em 1891 foi homologada a primeira
constituição brasileira, que tinha como as principais mudanças o voto
universal, o Federalismo e a extinção do poder moderador. Após isso os
cafeicultores paulistas ocuparam o espaço do poder, dando início à República
das Oligarquias. Durante esse período houve um revezamento, no executivo
federal, entre as oligarquias paulistas (café) e mineiras (leite e maior
eleitorado do país), contando com uma pequena participação do Rio Grande do Sul
(charque). O povo não teve seus direitos levados em conta, e permanecia nas
mãos das classes dominantes sem aproveitar as novas chances da Republica
começou então uma série de movimentos (rurais e urbanos) que lutavam por uma melhora
do modelo politico existente.
Um desses movimentos foi à guerra do contestado,
considerada uma célebre sublevação camponesa que aconteceu em terras disputadas
por paranaenses e catarinenses, entre 1912 e 1916. Essa disputa ocorreu devido
à rica floresta existente e a extensa plantação de erva mate na região do
Contestado. Está área atraiu grandes companhias estrangeiras, coronéis e o
poder público que não respeitavam os direitos dos sertanejos que ali viviam e
cultivavam e acabavam expulsando-os do local.
Nesse contexto, Miguel Sucena de Boaventura,
ex-soldado militar, beato e curandeiro mais conhecido por José Maria, reúne
sertanejos vítimas da exploração da classe dominante em uma revolta. Os
coronéis da região, o poder público e os estrangeiros começaram a ficar
preocupados com a liderança de José Maria e sua capacidade de atrair mais e
mais sertanejos para a causa, foi então que passaram a acusar o beato de ser um
inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem
da região.
Com isso, policiais e soldados do exército foram
mandados para o local, com a finalidade de desarticular o movimento. Encerrada
a guerra, foi estabelecida uma fronteira entre Paraná e Santa Catarina, assim,
segundo o ponto de vista das autoridades, estava terminado o problema do
Contestado.
Mais uma vez as oligarquias haviam conseguido usar
o exército, mas não para defender o Brasil de ameaças externas, e sim em
beneficio próprio, massacrando e perseguindo os sertanejos brasileiros.
Enfim com o exemplo desta guerra podemos analisar
que não havia justiça social nesta época, a insatisfação dos sertanejos era
explícita, tinham de aceder as decisões “superiores” e baixar a cabeça perante
as classes dominantes, trabalhavam duro e não tinham apoio nem retorno; quando
aos “grandes” queriam ampliar seus horizontes e lucros, os trabalhadores
padeciam as consequências tendo que abandonar território e sofrendo agressões
físicas, havia uma enorme desigualdade entre as classes e os direitos humanos
não eram reverenciados.
Portanto, podemos relacionar a “injustiça social”
desta época com algumas ações atuais, o Governo Federal brasileiro, o Governo
do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura desta cidade vêm se focando tanto
nas grandes mudanças para o recebimento da Copa do Mundo em 2014 e as
Olimpíadas em 2016 que deixam a população e suas respectivas necessidades para
“escanteio”. Ao invés de investir na
reestruturação das casas nos morros que desabaram com as chuvas, na
infra-estrutura de escolas, hospitais, estradas e etc, o Governo se preocupa
com a aparência que o Brasil terá para acolher estrangeiros na Copa,
postergando as necessidades da sua nação.
Sendo assim a ideia de justiça social no mundo de
hoje se limita no fato de votar a cada dois anos. As pessoas não exigem seus
direitos e se ousam em exigir não são escutadas, deixando o Governo atuar como
bem entende, fazendo o uso verbas que seriam implantadas na estrutura de
escolas públicas para voltar para construção de estádios.